O mundo ferroviário é um ambiente onde a segurança é primordial. Desta forma, a consecução de altos níveis de integridade de segurança é crucial para se garantir a proteção, tanto dos passageiros como do pessoal. O nível de integridade de segurança (SIL, das suas iniciais em inglês) é uma medida quantitativa da redução do risco em sistemas de segurança funcional. E, no setor ferroviário, o SIL2 é uma norma comummente implementada. No entanto, a implementação do SIL2 apresenta vários desafios que devem ser abordados com cuidado. Neste blogue exploramos estes desafios e a forma como podem ser superados, para garantirmos um transporte ferroviário seguro e eficiente.
Compreender o SIL2 e a sua Relevância
O SIL2 representa um nível específico de redução de risco e caracteriza-se por uma probabilidade de falha baixa ou alta, dependendo do sistema. Implica que os sistemas concebidos para cumprirem o SIL2 devem reduzir o risco associado a falhas funcionais até um nível aceitável, com uma gama de fiabilidade de 10^-2 a 10^-3 falhas por hora.
Este nível de segurança é particularmente relevante em aplicações ferroviárias como sistemas de sinalização, controlo de comboios e gestão do tráfego, onde qualquer falha pode ter consequências graves.
Desafios na Implementação do SIL2
- Complexidade Técnica
A implementação do SIL2 requer uma compreensão profunda dos princípios de engenharia de segurança funcional e a capacidade de conceber sistemas que cumpram requisitos técnicos rigorosos. Isto implica o uso de métodos avançados de análise de riscos e a adoção de técnicas de conceção redundante e de teste para se garantir que os sistemas funcionem corretamente sob diversas condições operacionais.
- Cumprimento Normativo
As normas e regulações relacionadas com o SIL2, como as estabelecidas pela norma IEC 61508 e a sua aplicação específica no setor ferroviário através da norma EN 50129, são rigorosas e detalhadas. O cumprimento destas normas requer uma conceção cuidadosa e uma documentação que demonstre que os aspetos de segurança foram tidos em consideração e que os sistemas foram adequadamente validados.
- Integração de Sistemas
No setor ferroviário, os sistemas de segurança não operam de forma isolada; devem-se integrar com outros sistemas de controlo e gestão do tráfego. Esta integração pode ser complexa, dado que requer que se garanta a interoperabilidade e a comunicação segura entre múltiplos subsistemas, cada um com os seus próprios requisitos de segurança e operacionais.
- Manutenção e Atualização
Quando um sistema SIL2 funciona, a manutenção do seu nível de segurança durante o tempo apresenta outro desafio significativo. Isto implica o estabelecimento de procedimentos de manutenção rigorosa, a execução de atualizações de software e hardware de forma que não comprometam a integridade de segurança, e a gestão do envelhecimento dos componentes.
- Custo e Recursos
Desenvolver, implementar e manter sistemas que cumprem o SIL2 pode ser caro, tanto em termos de recursos financeiros como de tempo. Requer investimentos significativos em tecnologia, capacitação do pessoal e recursos dedicados para a gestão contínua da segurança.
Superar os Desafios
Formação e Capacitação
A capacitação do pessoal em princípios de segurança funcional e nas especificidades do SIL2 é fundamental. Isto não só inclui engenheiros e técnicos, mas também os gestores de projetos e o pessoal de manutenção.
Ferramentas e Tecnologia
O uso de ferramentas avançadas de software para a análise de riscos, simulação de falhas e testes automatizados pode facilitar a implementação do SIL2. Estas ferramentas ajudam a identificar eventuais falhas e a verificar se os sistemas cumprem os requisitos de segurança.
Colaboração e Normas Abertas
A fomentação da colaboração entre diferentes partes interessadas, incluindo fabricantes de equipamentos, operadores ferroviários e organismos reguladores, pode ajudar a desenvolver soluções estandardizadas e partilhar melhores práticas. O uso de normas abertas também pode facilitar a integração de sistemas e a interoperabilidade.
Investimento Contínuo
É crucial que as organizações vejam a implementação do SIL2 não como um custo único, mas como um investimento contínuo na segurança. Isto implica a atribuição de recursos para a manutenção, a atualização e a melhoria contínua dos sistemas de segurança.
Finalmente, embora a implementação do SIL2 no setor ferroviário apresente vários desafios, estes podem ser superados com uma combinação de formação, tecnologia, colaboração e uma visão da segurança a longo prazo. Ao fazê-lo, as organizações podem garantir um transporte ferroviário seguro e fiável, protegendo tanto os passageiros como o pessoal. Na Triple E estamos comprometidos com a excelência na segurança ferroviária e trabalhamos continuamente para enfrentarmos e superarmos estes desafios, garantindo a integridade dos nossos sistemas em todo o mundo.