Numa entrevista reveladora com Miguel Ángel Caraballo, Diretor Técnico da Triple E, descobrimos os principais desafios em segurança eletrónica que o setor ferroviário enfrenta atualmente. À medida que se completa o processo de digitalização, a integração em sistemas complexos torna-se fundamental, sem que se comprometa a segurança ou a fiabilidade. Caraballo faz-nos mergulhar num mundo de evolução constante, onde a capacidade de adaptação e criação de informação nunca antes vistas desempenha um papel crucial. Além disso, partilha emocionantes perspetivas sobre as tendências emergentes em segurança eletrónica ferroviária, como a digitalização em tempo real e a otimização das manutenções preventivas. Que tecnologias-chave é que se utilizam para reforçar a segurança nos sistemas ferroviários? Qual será o fascinante futuro da segurança eletrónica ferroviária? Mergulhe nesta entrevista e descubra a forma como a indústria ferroviária se adapta e se prepara para as solicitações do futuro!
O compromisso ferroviário com a segurança e a fiabilidade
Quais é que são atualmente os principais desafios em matéria de segurança eletrónica no setor ferroviário?
Nos novos sistemas de bordo que estamos a desenvolver vamos culminar o processo de digitalização em que todos os setores estão a ser envolvidos. O principal desafio é atualmente a integração em sistemas complexos inter-relacionados sem comprometer com isso a segurança e a fiabilidade. Toda a evolução de ambientes analógicos para soluções digitais implica uma capacidade de adaptação e criação de informação nunca antes vista. O grande desafio é não comprometer a segurança em nenhuma das suas conceções: Assegurar a fiabilidade do sistema, garantindo a proteção contra intrusões ou distorções externas e, além disso, avalizar a continuidade do equipamento ferroviário durante a sua vida útil.
Tendências e tecnologias emergentes em segurança ferroviária
Que tendências emergentes é que vê na área da segurança eletrónica ferroviária e como é que acha que afetarão o futuro?
Digitalização significará obter níveis de informação em tempo real até agora nunca vistos. As soluções eletrónicas de segurança estão interligadas e inter-relacionadas, com monitorização em tempo real e, além disso, com acesso remoto a partir do posto de controlo. O processamento de todas as informações permitirá a otimização das manutenções preventivas que se traduzirão em evitar futuros sinistros, antecipando-se às medidas corretivas e permitindo, além disso, que se ajustem de uma forma mais eficiente os períodos entre manutenções preventivas. Em primeiro lugar redundará na segurança do passageiro, mas também em otimizações das tarefas de manutenção que retroalimentarão a segurança global e os custos extra que todas as atuações corretivas geram.
Quais é que são as tecnologias-chave que estão atualmente a ser utilizadas para reforçar a segurança nos sistemas ferroviários?
Repetindo o ponto anterior, todas as tecnologias que garantam a fiabilidade e que previnam situações não desejadas para que não cheguem a ocorrer. Quando falamos de digitalização, de forma direta estamos a falar de software, o que implica processos de desenvolvimento onde a qualidade do software desempenha um papel muito importante. É isto que lhe outorga certificados SIL2 além de, a nível de hardware, reduzir a taxa de falhas perigosas a mínimos próximos de zero, graças a redundâncias e sistemas de autodiagnóstico. Nos equipamentos que desenvolvemos com eletrónica a bordo temos que ir à robustez, onde fiabilidade e qualidade do software desempenham um papel primordial. Além disto, temos que garantir os mais altos níveis de Cibersegurança. Tudo isto se consegue graças à tecnologia de ponta em sistemas incorporados que permitem a aplicação dos mais altos padrões de segurança com a flexibilidade proporcionada por um sistema operativo standard como o Linux.
O futuro da segurança eletrónica ferroviária
Qual é que acha que será o futuro da segurança eletrónica ferroviária e que avanços é que espera ver nos próximos anos?
Os ativos ferroviários têm uma vida útil muito longa. As soluções devem ser resistentes e proporcionar a mais alta fiabilidade e disponibilidade. Devemos conceber para oferecer flexibilidade associada a uma longa vida útil, com arquiteturas desenvolvidas para oferecermos a máxima personalização e podermos enfrentar as solicitações atuais e futuras, como as de inteligência artificial, deep learning e/ou edge computing de uma forma cibersegura. A capacidade de adaptação será um elemento fundamental. Não tem nada a ver com tecnologias que permaneciam de forma invariável durante os anos de vida útil do material rolante. Temos que saber combinar a robustez que foi tradicionalmente oferecida com uma capacidade de adaptação e escalabilidade até agora não vistas e requeridas pelas tecnologias da informação.